Jóias produzidas a partir de sementes regionais e móveis artesanais são alguns dos resultados do Projeto de Extensão "Aproveitamento dos produtos florestais não madeireiros para produção de biojoias e móveis artesanais por famílias do Projeto de Desenvolvimento Sustentável Virola-Jatobá, município de Anapu", desenvolvido no sudoeste paraense.
A iniciativa é da Faculdade de Engenharia Florestal do Campus de Altamira e pretende estruturar e consolidar a produção na comunidade a partir do levantamento de informações sobre o potencial produtivo e os modelos de gestão aplicáveis à realidade local.
Segundo o professor Iselino Jardim, coordenador do Projeto, a escolha da comunidade aconteceu em virtude das carências identificadas no assentamento, as quais vão desde a precariedade da educação escolar até a falta de assistência médica. "Essa comunidade é muito carente. Ela, como muitas, está em situação de total abandono, à mercê de sua própria sorte", justifica.
A primeira atividade do Projeto foi à realização de quatro oficinas de capacitação para os moradores de Virola-Jatobá. Um grupo de 20 participantes foi capacitado para trabalhar com sementes na produção de biojoias. Outras 16 pessoas foram capacitadas para trabalhar na produção de móveis artesanais. De acordo com Iselino Jardim, a intenção é incentivar a "exploração racional dos recursos da floresta para garantir aos moradores uma renda complementar".
Durante as oficinas, os participantes contribuíram com seu conhecimento empírico. Eles indicaram, por exemplo, as sementes e as espécies de madeira que deveriam ser trabalhadas durante as oficinas.
O Projeto trabalha com Produtos Florestais Não Madeireiros (PFNM), de origem biológica, derivados de florestas nativas e áreas reflorestadas. Esses recursos se tornam vitais para a sobrevivência de quem vive dentro ou próximo de florestas na maior parte dos países tropicais. Eles podem ser utilizados em produtos alimentícios, medicinais e industriais.
Como matéria-prima das biojoias foi utilizadas as sementes mais comuns e de fácil manuseio, como açaí, Angelim, paxiubinha, urucum, castanha-do-pará, buriti, jatobá e babaçu. São coletadas as sementes ou frutos que estão no chão, mas é necessário deixar alguns pelo caminho. Eles servirão de alimento para os animais e serão responsáveis pela regeneração das espécies. Essa preocupação com a sustentabilidade é despertada a partir das palestras promovidas pelo Projeto.
Na produção dos móveis artesanais, foram usados galhos, caules e troncos de árvores os quais já haviam sido retirados da área de extração da reserva legal do assentamento para a comercialização. A extração da madeira para produção dos móveis artesanais é feita por uma empresa parceira da Associação de Moradores do Assentamento, dentro de um projeto de manejo comunitário, o qual permite o corte das árvores em uma área determinada para esse tipo de atividade.
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