Curiosidades da Vida Animal - Fauna Brasileira
Nesta seção, um pouco da vida selvagem e seus aspectos mais curiosos. Nenhuma espécie mostrada aqui deve ou pode ser criada como um animal de estimação.
TRACAJÁ
1. FICHA DO BICHO:
Nomes vulgares: Tracajá e tracaxá (Brasil); taricaya e charapa (Colômbia e Peru); arrau, tortuga, tortuga Del Orinoco e zamurita (Colômbia e Venezuela); yellow-spotted Amazon river turtle, Amazon river turtle e terecay (EUA).
Nome científico: Podocnemis unifilis Troschel, 1848.
Origem do Nome:Origina-se do termo "tarakaiá", da língua tupi-guarani, onde é utilizado como nome comum a várias espécies da Ordem dos quelônios, dentre as quais a P. unifilis.
Classe: Reptilia (Répteis)
Ordem: Chelonia (Quelônios)
Família: Pelomedusidae
Gênero: Podocnemis sp.
Espécie: Podocnemis unifilis. Existem outras espécies, que pouco diferenciam-se entre si, como a P. expansa (Tartaruga-da-Amazônia),P. lewyana, P. sextuberculata, P. vogli e P. erythrocephala.
2. COMO É O BICHO?
A tracajá, é um quelônio aquático dulcícola (vive em água doce) de coloração negro-azulada, mas que apresenta manchas amarelas, distribuídas por sua cabeça, sendo estas agrupadas na região anterior e mediana da mesma. Seu casco possui uma grande saliência dorsal. O dimorfismo sexual entre macho e fêmea fica quase que restrito, as manchas amarelas, que estão presentes nos machos adultos e ausentes nas fêmeas, que os perdem conforme se desenvolvem.
Uma característica utilizada para diferenciação de quelônios, relaciona-se à retração da cabeça, como por exemplo, esta espécie, que a retrai lateralmente no escudo (casco).
Casco Grande |
Mede de 45 a 50 centímetros de comprimento, medida que se inicia da cabeça ao fim do casco, que mede 35 centímetros. Seu peso varia entre os sexos, pois as fêmeas são maiores, e pesam de 6,5 a 8,0 Kg. Já os machos, de 2,5 a 2,8 Kg. A expectativa de vida do tracajá varia de 50 a 90 anos.
As fêmeas depositam em um ninho cavado na areia, de 7 a 35 avos, número que irá depender muito do tamanho destas. Os ovos são ovais, brancos e com uma casca extremamente rígida. Ficaram armazenados para serem chocados pelo calor do sol, por um período de 60 a 70 dias, com média de 87 dias. Os filhotes já nascem com as manchas amarelas características, com o casco esbranquiçado e as patas, cauda e cabeça escuras.
3. O QUE O BICHO FAZ?
É um animal que raramente sai da água, comparado a outras espécies, e que apresenta maior atividade diurna, período no qual percorrem os rios, à procura de folhagens flutuantes e submersas, invertebrados, frutos caídos na água, e peixes, que são consumidos ocasionalmente. Possuem vida solitária e sedentária.
Embora seja pecilotérmico (temperatura variando conforme o ambiente), tolera longas flutuações de temperatura. Como outros quelônios aquáticos, este também aprecia, os banhos de sol, que são tomados em troncos, pedras e ocasionalmente ao longo das margens. É muito comum observar uma "fila" de tracajás se "banhando" nestas superfícies.
Fila para banho de sol
Não há estações definidas para cópula, pois variam com a localidade e eventuais alterações ambientais. A corte se inicia, com o macho "beliscando" os pés e cauda da fêmea. Em seguida, este, nada por cima dela, ondula sua cauda (mais longa que a da fêmea) em torno da borda de seu escudo, onde um órgão copulatório emerge da cloaca e se introduz na cloaca da companheira, eliminando o sêmen. Quando chega o momento da desova, a fêmea percorre grandes distâncias, até chegar em um banco de areia localizado, na margem de um rio ou de uma ilha.
Como já foi dito, o tracajá procura praias e margens arenosas para desovar, porém também pode ocorrer de optar pelo solo argiloso, bancos íngremes de rios e até mesmo áreas cobertas por folhas. O ninho possui aproximadamente 26 centímetros de profundidade. Os ovos e filhotes podem ser predados por répteis (teiús), formigas, pássaros e mamíferos, como o homem. Após a eclosão, os filhotes já logo procuram a água em busca de alimento. E é exatamente neste momento que ficam a mercê de alguns predadores acima citados. Portanto as chances de um filhote nascer e chegar a fase adulta, não passa de 10%.
4. ONDE O BICHO VIVE?
Podemos encontrar a tracajá em muitas bacias hidrográficas do Norte da América do Sul, como por exemplo, o Orinoco (Venezuela) e Amazonas. É originária deste continente, habitando as margens de rios, lagos, lagoas e florestas inundadas da Venezuela, Guianas e todo o Norte do Brasil.
5. CURIOSIDADES DO BICHO:
Ajudantes alados
Um fato curioso é a observação de borboletas, que pousam sobre seus olhos e narinas, com o intuito de sugarem as secreções produzidas nestas regiões, obtendo desta forma sais minerais necessários a sua sobrevivência, impedindo que este material se acumule, prejudicando o réptil.
Outra peculiaridade interessante, e que também pode ser vista em outros répteis, é a definição do sexo de acordo com a temperatura presente no interior do ninho, durante a incubação. Se esta for de 33°C, provavelmente teremos filhotes fêmeas, porém se esta for inferior a 32°C, teremos filhotes machos.
É uma espécie ameaçada de extinção, e que embora tenha seus predadores naturais (quando adulto), como por exemplo, a onça-pintada e o jacaré, possui também como inimigo mais destrutivo, o homem. Perante a portaria do IBAMA (www.ibama.org.br) nº 142, de 30 de Dezembro de 1992, o tracajá, pode ser criado em cativeiros credenciados pelo órgão, para exploração racional do couro, carne e casco e ainda ter regulamentada a comercialização dos produtos oriundos da espécie.
O tracajá está ameaçado pela exploração não controlada, realizada em grande parte, para obtenção da carne e de seus ovos, que são muito apreciados na culinária local.
Para ilustrar a realidade do tracajá, observe bem a figura acima, onde além de mostrar um adulto desovando em um banco de areia, percebe-se um cenário artificial como fundo da foto. A barragem representa energia e ao mesmo tempo, impacto seguido de desequilíbrio ambiental. Estas estruturas de geração energética constituem uma grande ameaça à biota do meio hídrico. Muitas transformações estão ocorrendo ao longo das bacias hidrográficas, como a modificação de relevo (assoreamentos, meandros alterados etc), devastação e retirada de matas ciliares e poluição das águas. Isto contribuiu para prejudicar a situação de muitas espécies que utilizam o rio, direta e indiretamente, como complemento para seu desenvolvimento.
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