Uma expedição científica fez um levantamento inédito da biodiversidade do Parque Nacional da Serra do Pardo, na região da Terra do Meio, no Pará. O local, marcado pela grilagem e pelo desmatamento, concentra uma imensa riqueza de plantas e animais.
A Terra do Meio fica no centro do Pará, entre Altamira e São Félix do Xingu. A área é uma das mais ricas em biodiversidade na Amazônia. Durante 11 dias um grupo de 50 pesquisadores fez uma expedição no Parque Nacional da Serra do Pardo, uma das unidades de conservação na Terra do Meio. Partindo de Belém, foram três horas de avião e helicóptero até chegar ao parque, que tem o tamanho equivalente a 450 mil campos de futebol. No meio da floresta, o Instituto Chico Mendes montou três bases para o trabalho das equipes. Foram improvisados laboratórios e alojamentos. Foram encontradas cinco novas espécies de peixes e 35 espécies de aves que os biólogos não esperavam encontrar na região, como o pássaro conhecido como cancão, típico da caatinga.
Já o grupo de botânicos se deparou com orquídeas e plantas carnívoras que são mais comuns no cerrado. O potencial de estudo científico no parque deixou os pesquisadores motivados. “A área na Terra do Meio demanda inúmeros inventários. Essa é ponta do iceberg em termos de descobertas científicas”, explica Gianize Cunha, bióloga da UFPA. O parque fica em uma área de transição geológica, entre o planalto central e a floresta amazônica. As descobertas podem ajudar os pesquisadores a entenderem como plantas e animais de outras florestas do país conseguiram se adaptar à Amazônia. “Essa biodiversidade é muito importante não só para a pesquisa, mas para a sociedade brasileira. Daqui pode se achar uma série de espécies que podem alterar na área de segurança alimentar a cesta básica do mundo, com outras alternativas”, diz Rômulo Mello, presidente do Instituto Chico Mendes.
O estudo da biodiversidade da região pode abrir caminhos não apenas para novas descobertas, mas também para o turismo. A pesquisa é importante para definir se o parque poderá ou não ser aberto à visitação pública. Na região há cachoeiras, igarapés e pequenas praias banhadas pelo Rio Xingu. O trabalho dos pesquisadores servirá para a elaboração do plano de manejo do parque, ou seja, em que áreas e condições a região poderá vir a receber os turistas. “Os parques se caracterizam pelas belezas cênicas. Onde tem beleza cênica o cidadão quer ver. Então, precisamos associar essa potencialidade e a perspectiva de desenvolvimento de pesquisas e de interesse empresarial para que o turismo aconteça”, completa Fabiano Villela, Parque Nacional da Serra do Pardo. Além do Instituto Chico Mendes, participam pesquisadores da Universidade Federal do Pará e do Museu Emílio Goeldi.
*Fonte: Globo Amazônia
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