segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

INDIOS KARAJA

Habitantes seculares das margens do rio Araguaia nos estados de Goiás, Tocantins e Mato Grosso, os Karajá que vivem hoje distribuídos em aldeias têm uma longa convivência com a Sociedade Nacional o que, no entanto, não os impediu em manter costumes tradicionais do grupo como: a língua nativa, as bonecas de cerâmica, as pescarias familiares, os rituais como a Festa de Aruanã e da Casa Grande (Hetohoky), os enfeites plumários, a cestaria e artesanato em madeira e ainda as pinturas corporais, como os característicos dois círculos na face. Ao mesmo tempo, buscam a convivência temporária nas cidades para adquirir meios de reivindicar seus direitos como a demarcação e manutenção de suas terras, o acesso à saúde e educação bilingüe.

O nome deste povo na própria língua é Iny, ou seja, "nós". O nome Karajá não é a autodenominação original. É um nome tupi que se aproxima do significado de "macaco grande". “As primeiras fontes do século XVI e XVII, embora incertas, já apresentavam as grafias “Caraiaúnas” ou” Carajaúna
CARACTERISTICAS- O rio Araguaia é sua origem e território. Toda vida está ligada ao rio: o mito de criação, rituais de passagem, o alimento e a alegria. 

Os dois círculos tatuados nas maçãs do rosto - o omarura - dão identidade ao povo Karajá. As pinturas em negro e vermelho desenham no corpo as formas da natureza, dos peixes e cobras.  Os adornos em penas rosa, vermelha, azul e branca contam histórias antigas. As cerimônias trazem para o pátio da aldeia os heróis criadores, os ancestrais e os seres mágicos que compartilham com o povo a celebração da vida.

Lingua. Segundo o lingüista Aryon dall’Igna Rodrigues, a família Karajá, pertencente ao tronco lingüístico Macro-Jê, se divide em três línguas: Karajá, Javaé e Xambioá. Cada uma delas tem formas diferenciadas de falar de acordo com o sexo do falante. Apesar destas diferenças, todos se entendem. Em algumas aldeias como em Xambioá (TO) e em Aruanã (GO), devido ao processo do contato com a sociedade nacional, o português tem sido dominante.
No início da década de 1970, a FUNAI adotou um programa educacional bilíngüe e bicultural para alguns grupos, entre eles, os Karajá. Este programa, sob a orientação do Summer Institute of Linguistics, entidade que tem também objetivos religiosos, resultou na tradução da Bíblia na língua Karajá.

Localização. Os Karajá têm o rio Araguaia como um eixo de referência mitológica e social. O território do grupo é definido por uma extensa faixa do vale do rio Araguaia, inclusive a maior ilha fluvial do mundo, a do Bananal, que mede cerca de dois milhões de hectares. Suas 29 aldeias estão preferencialmente próximas aos lagos e afluentes do rio Araguaia e do rio Javaés, assim como no interior da ilha do Bananal. Cada aldeia estabelece um território específico de pesca, caça e práticas rituais demarcando internamente espaços culturais conhecidos por todo o grupo.
Isto mostra uma grande mobilidade dos Karajá que apresentam como uma de suas feições culturais a exploração dos recursos alimentares do rio Araguaia. Eles têm, ainda hoje, o costume de acampar com suas famílias em busca de melhores pontos de pesca de peixes e de tartarugas, nos lagos, nas praias e nos tributários do rio, onde, no passado, faziam aldeias temporárias, inclusive com a realização de festas, na época da estiagem do Araguaia. Com a chegada das chuvas, mudava-se para as aldeias construídas nos grandes barrancos, a salvo das subidas das águas, onde, em alguns lugares, ainda hoje fazem suas roças familiares e coletivas, locais de moradia e cemitérios. Pode-se ter uma idéia dos números populacionais do grupo a partir dos seguintes anos e dados.


Apesar do contato intenso com a sociedade nacional, tem-se registrado um aumento populacional dos Karajá, que continuam residindo no território tradicional. As aldeias de cada subgrupo estão distribuídas da seguinte maneira:

O subgrupo Karajá é formado pela comunidade de Aruanã (GO) que tem aproximadamente 50 pessoas (dados mais recentes indicam que esta aldeia recebeu mais alguns Karajá motivados pela demarcação da terra, totalizando aproximadamente 70 pessoas), pelas aldeias Santa Isabel do Morro, Fontoura, Macacúba e São Raimundo, no oeste da ilha do Bananal, por aldeias menores como São Domingos e também duas aldeias pequenas próximas ao rio Tapirapé, além de pequenos grupos depois da ponta norte da ilha, totalizando aproximadamente 1.500 pessoas (Braggio, 1997).

O subgrupo Javaé, nas margens do rio Javáes (braço do Araguaia que contorna a margem oriental da ilha do Bananal) e no interior da ilha, tem por volta de 841 pessoas, distribuídas em seis comunidades nos municípios de Formoso do Araguaia, Cristalândia e Araguaçu (Braggio, 1997).
O subgrupo Xambioá tem duas aldeias com 202 indivíduos (Braggio, 1997), no baixo Araguaia.

O nascimento de uma criança entre os Karajá é marcado socialmente pela regra da tecnonímia, isto é, quando os pais deixam de ser chamados pelos nomes próprios e passam a ser conhecidos como o pai ou a mãe de fulano (a). No caso do homem, o novo pai passa para outra categoria masculina. O homem é tido como o responsável pela fecundação, sendo necessário copular várias vezes para, de forma gradual, formar a criança no ventre da mãe, considerada apenas como receptora. Após o nascimento, o recém-nascido é lavado com água morna e pintado de urucum.

Na infância, a criança fica a maior parte do tempo com a mãe e avós. Entretanto, a diferença entre os gêneros ganha maior proporção quando o menino chega à idade de sete a oito anos e tem o lábio inferior perfurado com osso de guariba. Depois, ao alcançar a faixa entre dez a doze anos de idade, o menino passa por uma grande festa de iniciação masculina denominada Hetohoky ou Casa Grande. Eles são pintados com o preto azulado do jenipapo e ficam confinados durante sete dias numa casa ritual chamada de Casa Grande. Os cabelos são cortados e ele é chamado de jyre ou ariranha.

 karaja.com

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