terça-feira, 22 de março de 2011

Abelhas sem ferrão, atividade lucrativa Podendo chegar a R$ 100,00 litro

Entre as abelhas sociais brasileiras, as pertencentes à subfamília Meliponinae, chamadas popularmente de abelhas indígenas sem ferrão, são as mais conhecidas. Existem mais de 200 espécies diferentes, algumas das quais freqüentemente criadas para a produção de mel. Os ninhos dessas abelhas são encontrados, de acordo com a espécie, em locais bastante diversos, havendo aquelas que constroem ninhos subterrâneos, dentro de cavidades preexistentes, formigueiros abandonados, entre raízes de árvores etc, como a guira ou mulatinha-do-chão (Schwarziana quadripunctata) ou a mombuca (Geotrigona mombuca) ou, ainda, a  mandaçaia-do-chão (Melipona quinquefasciata).
Outras constroem ninhos aéreos, presos a galhos ou paredes como a arapuá (Trigona spinipes) ou a sanharão (Trigona truculenta). A maioria das espécies, entretanto, constrói seus ninhos dentro de cavidades existentes nos troncos ou galhos das árvores como a jataí (Tetragonisca angustula), a mandaçaia (Melipona quadrifasciata), a manduri (Melipona marginata), a mandaguari (Scaptotrigona postica), a timirim (Scaptotrigona xanthotricha) e muitas outras espécies. Muitas dessas espécies, que utilizam cavidades em madeira, são muitas vezes encontradas em cavidades existentes em muros e paredes de alvenaria, como acontece comumente com a jataí, a iraí (Nannotrigona testaceicornis) e a mirim (Plebeia droryana). 
Algumas espécies fazem ninhos ainda dentro de cupinzeiros como acontece com a cupira (Partamona sp.) ou com Scaura latitarsis, e outras constroem dentro de formigueiros ativos. 
 O interessado em abelhas indígenas precisa atentar para o fato de que muitas vezes o nome popular varia de uma região para outra, de tal forma que muitas vezes uma única espécie recebe, em regiões diversas, denominações diferentes e, muitas vezes, o mesmo pode ser usado para designar várias espécies de abelhas.  Como as abelhas são polinizadoras de plantas, cultivadas ou não, é importante que se atente para o fato de que, mais importante que o mel produzido por elas, é a polinização que promovem e que permite a produção de sementes por diversas plantas, muitas das quais extremamente úteis para o homem. Sem esse auxílio, muitas espécies de plantas deixam de produzir frutos e sementes, podendo inclusive serem extintas. 

 Dada a grande importância das abelhas indígenas é preciso que se preservem estas espécies, pois, muitas delas estão sendo dizimadas, seja pelo desmatamento e queimadas, seja pelo uso indiscriminado de agrotóxicos.  Como muitas dessas espécies produzem mel saboroso e muito procurado, os próprios meleiros, que retiram o mel destruindo a colméia, contribuem para a extinção dessas abelhas em algumas regiões.  A criação dessas abelhas e a sua exploração racional podem contribuir para a preservação das espécies e dar ao meliponicultor oportunidade de obter mel. Esta atividade vem sendo desenvolvida há bastante tempo em diversas regiões do país, especialmente no Norte e Nordeste, havendo meliponicultores que possuem grande número de colméias de uma única espécie, como é o caso da tiúba (Melipona compressipes) no Maranhão ou a jandaíra (Melipona subnitida) no Ceará e Rio Grande do Norte. Existem, ainda, muitos meliponicultores que criam abelhas indígenas como passatempo, explorando o mel apenas esporadicamente. 

Colônias de abelhas indígenas podem ser obtidas pela atração de enxames, pela divisão de colônias já estabelecidas e pela captura de colônias existentes na natureza.  É a Embrapa Acre que traz informações sobre a criação e manejo de abelhas sem ferrão. Segundo a pesquisadora Patrícia Drumond, que participa do programa, o mel dessas abelhas é muito apreciado como alimento e tradicionalmente utilizado como remédio. O valor do litro do mel de abelhas sem ferrão varia bastante, podendo chegar a R$ 100,00 a 150,00 Com as técnicas adequadas, o produtor consegue colher cinco litros de mel por ano por caixa. Mas há casos em que essa produção chega a oito litros. Dessa forma, a meliponicultura apresenta-se como uma atividade lucrativa para pequenos produtores da região norte.


Embrapa-acre


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