A máquina de fraudes, corrupção e tráfico de influência política, montada dentro da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) nos últimos anos, deixou marcas profundas no órgão.
Em dezembro passado, a prisão de vários servidores, pela Polícia Federal (PF), foi o resultado de um trabalho de investigação que ainda não acabou. As quatro mil páginas produzidas incluem laudos forjados, vistorias fajutas em planos de manejo realizadas sem que técnicos saíssem de seus gabinetes em Belém, centenas de conversas telefônicas interceptadas com ordem judicial, dezenas de cópias de cheques de propina e depoimentos dos envolvidos.
As prisões aconteceram para impedir a destruição de provas que poderiam prejudicar as investigações. A ação para destruir provas foi identificada dias antes das eleições de outubro. O ritmo era frenético pelos corredores da Sema. O entra-e-sai de prepostos de madeireiros, candidatos a cargos eletivos e despachantes davam uma cara esquisita ao órgão ambiental, transformado em verdadeiro balcão de negociatas.
Um diálogo captado pela PF resume de forma patética a situação. O servidor, desconfiado de que poderia estar sob os holofotes da investigação, trava a seguinte conversa com um colega: “sabe aqueles papéis, lá?”. O outro responde: “que papéis?. Irritado, ele desabafa: “aqueles lá, do homem, porra, tu sabes”. E dá a orientação: “leva tudo lá pro corredor e taca fogo”.
Diário do Pará
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