quarta-feira, 2 de março de 2011

O que é poluição visual ?

José Pedro-UFPA/NEAm. Poluição Visual, genericamente, é tudo aquilo que agride visualmente a paisagem, pela sua intensidade. Poluição visual em uma cidade é o exagero de material de propaganda/divulgação comercial ou não que, além de ir além do aceitável, agride, violentando a paisagem urbana com uma quantidade exorbitante de painéis propagandísticos de todas as formas, cores e tamanhos, chegando a  imensos artefatos metálicos, de concreto, alguns já empregando imensos painéis luminosos ou eletrônicos desfigurando a imagem da cidade, sem respeitar os logradouros públicos ou o zoneamento urbano que deve ser previsto na lei orgânica. Poluição Visual, portanto, é tudo aquilo que está em excesso no espaço urbano, na forma de propaganda ou divulgação e que causa essa sensação de desorganização e de ausência de fiscalização, por quem de direito, que vemos todos os dias no espaço das cidades. Essa sensação é provocada não apenas pelo excesso de comunicação visual, mas também por aspectos da própria infra-estrutura urbana, como a falta de árvores, o excesso de construções inacabadas que se arrastam por meses e meses, a exposição dos fios da rede elétrica, nas más condições das calçadas, entre outros elementos.  A partir do momento em que estes elementos concorrem entre si ocupando cada vez mais e mais espaço surge em nós essa sensação de desorganização, de descaso, de ignorância, de desconforto. Neste sentido, vivemos num paradoxo no qual o homem entra em conflito com uma situação provocada pela desordem da própria forma de ocupação humana das cidades. Isso significa que o grande problema das cidades hoje não está, apenas, na falta de planejamento, mas, também, na necessidade de uma mudança comportamental, mudança de atitude, das pessoas em relação ao ambiente em que vivem. Falta Educação. Educação Ambiental.
(MEPA) Como assim?
José Pedro-UFPA/NEAm Um exemplo disso é a própria Lei da Cidade Limpa. Quando ela foi implantada, algumas pessoas das grandes cidades como são Paulo criticaram o projeto, mas isso porque as mesmas já estavam induzidas ao consumo visual em excesso, como se estivessem dopadas pela poluição visual, a exemplo do que acontece com o lixo. No entanto, depois que promovemos a mudança, perceberam que aquilo era bom e que a cidade ganhou uma nova configuração espacial, mais limpa visualmente, um pouco mais organizada, embora ainda haja muito a ser feito neste sentido.
Depois disso várias cidades seguiram o exemplo de São Paulo. Como Belém, Campinas, Curitiba, Porto Alegre e outras. Aqui em Marabá, parece que seguimos o curso contrário da história. E o que estamos vendo? Pare e olhe um pouco para nossas ruas, nossas praças. Estão ficando inundadas de imensos postes de aço com imensos painéis de propaganda. O setor jurídico, no passado, deu um basta à propaganda política que, em épocas de eleição, inundava a cidade com propaganda eleitoral. Agora não são mais os políticos, é o comércio que precisa de um basta na sua forma de divulgar os seus produtos. Está na hora de dar um basta nisso também.
MEPA) A poluição visual também pode afetar a saúde das pessoas?
José  Pedro-UFPA/NEAm Sem sombra de dúvidas. Nós temos hoje um problema com os efeitos psicossomáticos gerados pela exposição excessiva de elementos de apelos visuais. Basta comparar a quantidade placas de trânsito, outdoors, imagens publicitárias etc., que uma pessoa é obrigada a ver todos os dias nos grandes centros, com a quantidade que uma pessoa que mora na zona rural vê desses símbolos diariamente. Isso intensifica o que chamamos de estresse visual, além de provocar diversos problemas psicológicos que, conseqüentemente, são tão nocivos à saúde das pessoas quantos outros tipos de doenças.
(MEPA) E o que pode ser feito para diminuir os problemas com a poluição visual? José Pedro-UFPA/NEAm É necessário tomar duas vias de ação. Uma de curto prazo que é a fiscalização, a proibição, a elaboração de normas mais preocupadas com o elemento visual, com a saúde visual da cidade. Outra é de médio prazo que passa por uma política de educação ambiental efetiva e eficaz. Com agentes competentes e não com aventureiros, despreparados tecnicamente para entender a importância e a os elementos da saúde ambiental urbana. É uma questão de mudança de comportamento. Se todo mundo se sentir no direito de levar o seu comércio, a sua publicidade, a sua marca, enfim, os seus interesses para o espaço público sem obedecer a nenhum critério, o resultado será a desorganização e a sensação de caos que já temos no espaço público. É um uso do espaço público para benefício próprio sem pensar que aquele é um lugar de uso coletivo. Demonstra-se, com isso, que essas são pessoas que não estão preparadas para viver em grupo, para viver numa cidade. Nós precisamos resgatar o conceito de espaço agradável no ambiente das cidades e para isso, é preciso retirar tudo aquilo que é nocivo, que agride o bem estar, que está em excesso no espaço público. Todos estão sofrendo com as conseqüências desse crescimento desordenado das cidades, o que quer dizer que somos responsáveis pelo que está acontecendo e, por isso, assumir essa responsabilidade deve ser uma palavra de ordem para todos.

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